Não ao racismo!
Não nos cabe a nós, mera associação de estudantes, tomar decisões sobre a gestão de um país, de um povo, de uma sociedade. No entanto, cabe-nos a todos nós, enquanto indivíduos sensatos, repudiar os atos de uso desadequado da força policial e de racismo.
Inúmeros estudos afirmam que a violência policial tende a não resolver o problema, como acaba por agravá-lo. O seu uso excessivo e para fins egoístas baseados em preconceitos ou qualquer ideologia própria de um determinado agente deve ser punido por lei. Exigimos que ninguém se cale até que se faça justiça. Que os 4 agentes envolvidos na morte de George Floyd sejam responsabilizados com acusações adequadas.
No que diz respeito ao racismo, este tema que a todos nos devia causar aversão e que a nós, antropólogos e futuros antropólogos, deveria receber a maior das atenções, já vão longe os tempos em que os nossos precursores da antropologia se debatiam com a questão das raças. Os pensamentos colonialistas que toldavam as mentes de investigadores em séculos anteriores, em teorias evolucionistas das sociedades (aquilo a que podemos chamar evolucionismo cultural), deram lugar a uma perceção diferente e a uma aceitação de cada povo com as suas próprias características distintivas.
Porém, desde aí, muito já foi dito, escrito e debatido, cantado e representado. Os fenómenos que dão origem a atos racistas violam os motes da Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade." (Artigo 1.º) e "Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação." (Artigo 7.º). Para além destes, inúmeros artigos afiguram a imoralidade do tratamento racista.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, apesar do seu caráter não vinculativo, é um exemplo de cidadania exemplar que surgiu para o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, depois de atos tão vis e cruéis que marcaram o século XX.
É com o mote da igualdade que muitos saíram às ruas para exigir justiça e uma reforma séria na instituição policial dos Estados Unidos da América. É com o mesmo mote da igualdade que se exige que todos os cidadãos percebam que não se devem tolerar ou praticar tais atos.
O apelo ao bom senso é importante e as manifestações pacíficas devem perdurar enquanto o forem possíveis, tal como estão a acontecer. Contudo, carecemos aqui, de novo, da força das instituições estatais que deram uso à força contra os protestantes. Ao invés de olhar a exemplo a cooperação policial com os manifestantes em diversos locais, Trump declarou Lei Marcial para combater o seu próprio povo. Aos americanos e a todos os cidadãos do mundo, resta-nos não aceitar o tratamento desigual e racista.
Martin Luther King Jr., um dos grandes nomes desta luta, procurou sempre o caminho do pacifismo. Não nos cabe a nós tirar conclusões sobre o eterno debate do pacifismo/vandalismo. Cabe-nos a nós repudiar os atos desumanos praticados e fazer parte da luta ativa pelos direitos de todos. O homem de quem falamos antes foi assassinado em 1968.
Por fim, apelamos à atenção e à solidariedade de todos, num tema que não é só americano, mas é global. O racismo existe dentro do nosso país, o abuso da força policial também.
Os Corpos Sociais da ANEANT.